Construção da identidade negra no Brasil

By Anônimo - janeiro 17, 2017

Construção da identidade negra no Brasil 
Ana Carolina, um amorzinho de pessoa que eu conheci na Universidade Católica de Brasília ano passado no curso de retórica. Pois bem, Ana, fez um discurso no último dia do curso," e que discurso "chamou muitíssimo minha atenção, então pensei: Eu tenho que compartilhar o discurso dessa garota com muito mais pessoas; pedi: Ana posso postar no meu blog? e ela carinhosamente me disse: Claro! A Ana Carolina, expões no texto, sua opinião quanto a construção da identidade negra no Brasil, algo de suma importância na nossa sociedade atual  e que deve ser levado a sério. Então Ana Carolina! aqui está o seu texto como havia prometido.
 Por: Ana Carolina:

Século XV foi quando tudo começou. Negros de diversos locais da África com cultura e idiomas diferentes, amontoados dentro do mesmo navio e sendo tratados como mercadorias. Esse foi o primeiro passo para a desconstrução da identidade negra. A subjugação do corpo negro, principalmente da mulher negra foi tamanha que o estupro foi algo autorizado. E daí nasceram os mestiços. Final do século XIX, processo de embranquecimento em questão, o pensamento que se formara era que “formamos um país de mestiços (...) mestiços se não no sangue ao menos na alma". Essa mestiçagem trouxe a ideia de que nosso país era uma combinação maravilhosa de diversidade, unidade. Então de uma hora para outra éramos todos iguais, não se podia falar em preconceito, se aceitar como negro e de forma alguma podia falar que existe racismo no Brasil. Porque não éramos brancos, negros ou índios e sim brasileiros e, portanto, mestiços.  E essa ideia permanece vívida entre nós. A falsa ideia de que somos todos iguais nos levou à filosofia da democracia racial, nos blindando a ideia de que uma pessoa pudesse ser julgada pela cor e que nós todos possuímos as mesmas oportunidades. Uma falsa ideia que nos levou a calar as vozes de quem sofre, que nos levou a apagar a cultura de nossos antepassados, que nos levou a parar de nos enxergar como um grupo, a falsa ideia de igualdade não nos aproximou, na verdade nos apagou e feriu. Uma violência às vezes explicita e às vezes silenciosa. É Foi aí que o problema da construção negra começou. Sempre estudei em escola particular e pertenço a classe média, já estou acostumada a estar em lugares em que não há ninguém igual a mim, em que pertenço a beleza não padrão, exótica. Mas eu não deveria estar acostumada a isso. Isso fez com que minha identidade permanecesse no limbo há tanto tempo! Jogada e trancafiada. Não havia ninguém que me dissesse: “ei, nós somos parecidos, sofremos as mesmas coisas. Eu posso te ajudar com isso. "Meu processo de construção de identidade como mulher negra começou com o meu cabelo. E tudo isso começou na internet, quando ví que existiam pessoas que tinham o maior orgulho de seus cabelos, que diziam: “ eu não abaixarei o meu cabelo só porque você quer” e não ligavam para as críticas... Foi aí que percebi. É desse grupo que eu pertenço e  faço parte. Mas ainda existem jovens como a Carol adolescente que ainda permanecem num limbo de identidade. E nós corremos o  enorme risco de crises de identidade e pertencimento de nossas crianças, jovens e até adultos se nós deixarmos que esse processo de embranquecimento continue. A palavra negro não é xingamento. África não é um país.  Nossa estética não é moda, nem é exótica .
 





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